Alguns já sabem que minhas montagens sempre foram voltadas para os automóveis, antes do tempo que me afastei do hobby como também depois que retornei, no final do ano passado. Em razão disso, sempre presto atenção em fóruns no Brasil e no Exterior que se dediquem a esta vertente do plastimodelismo.
Em função disso, já há algum tempo acompanho o fórum português http://www.automodelista.org e mais recentemente fiz minha inscrição. É um fórum muito interessante e recomendo que quem quiser ver montagens de ótimo nível e conhecer um pouco do trabalho dos nossos irmãos do além-mar que visitem o mesmo.
Pois bem, encontrei lá um post muito interessante, do modelista Mike, onde o mesmo narra sua primeira experiência com a produção de fotogravados (photoeteched) e achei a exposição bem clara e didática e pedi autorização ao mesmo para reproduzir a mesma aqui. Ele me autorizou, simpaticamente, pedindo apenas para que eu fornecesse o link para que ele pudesse depois ver (e, por conseqüência, nos visitar).
Tomei a liberdade de fazer algumas adaptações no texto original, como esclarecimento e complemento, sem modificar o sentido e conteúdo do post, assim como as imagens utilizadas são todas do Mike. Vamos lá:
A necessidade de ter fivelas de cintos de segurança e visando economizar, levaram o modelista a fazer sua primeira incursão na produção de fotogravados. O material utilizado foi:
- Papel de lustro* para impressão (já vi em outros locais, a utilização de papel fotográfico e até mesmo papel sulfite comum, mas não sei a funcionalidade destes);
- Placa de latão amarelo de 0,01 mm (conhecido em Portugal como ouro mouro); e
- 1 litro de percloreto de ferro.
A aventura começou pelo artwork, desenhado em CorelDraw que depois de verificado o tamanho (a olhometro) foi impresso a laser no papel acima descrito. Aqui já impresso:
Aqui o "ouro mouro":
Depois de recortado o desenho e o latão no mesmo tamanho, juntam-se os dois “cara a cara†e seguram-se as pontas com fita adesiva:
Depois, como uma dona de casa e com o ferro bem quente, passa-se a ferro o conjunto. Convém não deslocar o ferro do local. Se usarem um platex** por baixo, como eu, não queima. Atenção que o ferro não deve ter água e fazer vapor. Agüentem 3 a 5 minutinhos e depois deixem a placa esfriar.
Quando esfriar, retirem as pontas de fita adesiva e comecem a retirar o papel com jeito e verão que o desenho passou para a placa.
A seguir corrijam as falhas que poderão existir de maneira que o desenho fique o mais uniforme possível, ele utilizou um marcador mais grosso*** para as partes maiores e um fininho para dar uns retoques no desenho das peças.
A placa pronta para ir para o banho:
Preparem o Percloreto de Ferro num recipiente plástico que não é atacado por este (no caso concreto, foi um pote de margarina), não deixando de usar equipamentos de segurança (óculos, luvas, etc...). Façam também um suporte (ele fez com fio elétrico) para segurar a placa de modo a poderem controlá-la durante o processo.
As fotos são da segunda tentativa: o segredo está em ir controlando a “queima†do metal de maneira a não corroer demais. Na primeira tentativa, esteve 4 horas no ácido e quando ele foi ver a placa tinha desaparecido. Vão reitrando a placa, passando água e vejam como está, se ainda tiver metal na área sem pintura, voltem a mergulhá-la.
Um detalhe importante que não foi mencionado acima: por trás foi pintado com o spray motip****, que estava à mão, de maneira a que o ácido não comece a roer a “traseira†da placa.
O metal foi comido, só ficaram as peças e os restos da tinta da parte de trás:
Depois, para parar o processo de corrosão, lava-se a placa debaixo de água e seca-se bem com um guardanapo de papel.
Como pintou com tinta (há quem utilize fita adesiva na parte de trás) dei umas camadas de decapante para dissolver a tinta.
Ficando com este aspecto mais limpinho:
No fim, uma “sprayzada†de tinta metálica e temos umas fivelinhas prontinhas para entrar em um kit.
Foi a primeira experiência do modelista e o resultado não ficou ruim, deixando-o animado para novas aventuras. Ele pensa em fazer discos de freio desta maneira.
Bem, este é o tutorial do nosso colega Mike, a quem agradeço mais uma vez por autorizar o uso de seu material que , com certeza, será de grande valia para quem quiser se aventurar nessa experiência de produzir seus próprios P.E.´s.
Um abraço !
Observações:
* Papel lustro: papel com superfície muito lisa e brilhante, com aspecto esmaltado. Também conhecido por papel glacê e papel porcelana. Vi na internet por R$ 1,70 a folha.
** Platex: derivado da madeira também chamado de cartão prensado, possui uma face lisa e outra rugosa, sendo facilmente moldável. O que identifiquei mais próximo no Brasil são as placas de Eucatex.
*** Marcador: aparentemente seria um tipo de caneta como a usada para escrever em transparências de retroprojetores.
*** Spray motip: tinta vendida em spray, tanto com base acrílica como esmalte.
