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A Evolução dos Helicópteros Armados no Vietnã (Parte II)

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Kadu Queiroz
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A Evolução dos Helicópteros Armados no Vietnã (Parte II)

Mensagem por Kadu Queiroz »

A Evolução dos Helicópteros Armados no Vietnã (Parte II)
David G. Tyler
Military Review l 2o Trim 2004


Fonte: http://usacac.army.mil/CAC/milreview/po ... /tyler.pdf

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Um helicóptero UH-1B lança um foguete de 2,75 polegadas em apoio às tropas do Vietnã do Sul.

Táticas e Contra Táticas

Como plataformas ofensivas, os helicópteros oferecem vantagens sem igual. À primeira vista, aparentam ser muito vulneráveis, voando ruidosa e vagarosamente à baixa altitude. Contudo, não são fáceis de derrubar. Com tanques de combustível auto-vedáveis e um pouco de blindagem, os helicópteros são altamente resistentes às armas de pequeno calibre. O helicóptero é a mais manobrável das aeronaves e quando operado a baixa altitude, pode minimizar sua exposição às armas em terra escondendo-se por trás de terreno e das obstruções no solo. O seu vôo baixo e lento permite à tripulação observar as atividades terrestres com grande detalhe enquanto lhe permite também ver o quadro geral. Atacar um helicóptero desde o solo convida a um pesado retorno de fogo.
Para reduzir a exposição à observação aérea, o Exército Norte-Vietnamita (North Vietnamese Army — NVA) e o vietcongue, recorreram às operações noturnas. Isso essencialmente neutralizou parte da vantagem tecnológica dos EUA. Para recuperar a iniciativa, os EUA
decidiram aprimorar as suas próprias táticas de combate noturno, montando equipamentos de visão noturna e enormes holofotes nos helicópteros; porém, foram os operadores taticamente competentes que permitiram à tecnologia reassumir o controle da batalha. Durante a
Operação Lejeune em abril de 1967, helicópteros conduziram operações Night Hunter (caçador noturno) quase todas as noites.
O Tenente-Coronel Fred E. Karhohs, da Força-Tarefa da 2a Brigada da 1a Divisão de Cavalaria, desenvolveu técnicas aprimoradas de combate noturno durante a operação Night Hunter e posteriores, nas planícies litorâneas de Binh Dinh. As operações usavam quatro helicópteros; um agia como líder e iluminador, enquanto três helicópteros às escuras procuravam por alvos de oportunidade. À medida que a nave-líder lançava sinais luminosos, atiradores nas portas laterais (door gunners)
de dois dos helicópteros, voando a uma altitude maior e distante dos sinais, observavam o terreno com starlight scopes (dispositivos de observação noturna). Depois de identificar o inimigo, os atiradores lançavam projéteis traçantes para sinalizar a área do alvo enquanto o quarto helicóptero abria fogo com foguetes de 2,75 polegadas.
Esta estratégia com quatro helicópteros era uma técnica eficaz para encontrar e matar o inimigo e negar-lhe um de seus mais valiosos recursos — a noite(11).

A astúcia americana na Indochina teve, inicialmente, um efeito devastador sobre as forças comunistas. As armas do NVA eram tecnologicamente inferiores nos anos 60, e as armas dos seus colaboradores do sudoeste asiático — o vietcongue, o Pathet Lao e o Khmer Rouge — eram ainda mais primitivas. O inimigo usava de sigilo, astúcia e uma determinação impiedosa para superar a sua desvantagem tecnológica.
Em um documento do NVA confiscado em 1962, dois itens salientavam a estratégia usada para combater as operações dos helicópteros. O documento revelava: “A eficácia das táticas dos helicópteros é grandemente reduzida em áreas florestais e montanhosas cobertas por selva, a natureza do terreno não pode ser percebida do ar, onde ficam difíceis as aterrissagens e onde as emboscadas são mais facilmente empregadas contra os pousos”(12).
O documento também dizia: “Uma aterrissagem bem no meio de nossas posições é a mais eficiente, embora também fique sujeita ao nosso poder de fogo, enquanto que uma aterrissagem fora de nossas posições, apesar de evitar o nosso poder de fogo, perde o elemento de surpresa”(13).

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Um helicóptero AH-1G Cobra e um ‘Huey” equipado com holofotes procuram por guerrilheiros vietcongue.

A 1a Divisão de Cavalaria demonstrou o conceito da aeromobilidade em novembro de 1965 quando engajou concentrações do NVA, valor regimento, no vale Ia Drang. Os helicópteros de reconhecimento localizaram as áreas inimigas precisamente, enquanto os helicópteros de transporte rapidamente conduziram pelotões de fuzileiros para posições no campo de batalha que cortavam as linhas inimigas de comunicações.
A aplicação de tecnologia superior em Ia Drang teve significativas repercussões, nos dois lados. Solidificou a confiança do general americano William Westmoreland numa estratégia de atrito. Nas palavras do Tenente-Coronel Andrew Krepinevich, “A campanha no vale Ia Drang representou a aplicação bem-sucedida da estratégia de atrito. Ali havia grandes formações inimigas dispostas a enfrentar os americanos frente a frente e suas grandes unidades foram sendo esmagadas pelo poder de fogo do Exército e pela mobilidade proporcionada pela tecnologia de ponta”(14).
Por outro lado, embora o NVA tenha causado severas baixas, a batalha de Ia Drang lhe ensinou a evitar o confronto direto com as forças americanas.
O comandante do NVA, Coronel Nguyen Huu An, relembrou as instruções que deu antes da batalha, “Quando encontrarem os americanos, separem-se em muitos grupos e ataquem a coluna de todas as direções,
dividindo-a em muitas partes. Movam-se para dentro da coluna, “agarrem-nos pelo cinturão” e assim evitem as baixas por parte da artilharia e do ar” 15.
Percebendo que as operações convencionais de grande escala não eram uma opção viável, Hanoi decidiu evitar a vantagem tecnológica dos EUA redirecionando os seus esforços para a guerra de guerrilha.
Nos estágios iniciais do transporte de tropas via helicóptero, o inimigo tentou neutralizar os vôos atacandoos com fogo de pequenas armas quando diminuíam de velocidade e desciam para a área de aterrissagem (landing zone — LZ). Reconhecendo a vulnerabilidade do CH-21nessas condições, o Exército adotou helicópteros armados de escolta conhecidos como vôos Eagle (águia). Esses helicópteros permaneciam acima da LZ, onde podiam manter a manobrabilidade e a observação. Caso o inimigo tentasse interromper a inserção, eles desciam e atacavam com fogo de supressão. Mais tarde, táticas coordenadas entre os helicópteros armados e outros levaram ao uso de equipes codificadas por cores. Por exemplo, a Equipe Rosa normalmente consistia de um OH-6A, que fazia reconhecimento a baixa altitude enquanto um AH-1G se encontrava no alto, pronto para atacar. À medida que o inimigo aprimorava suas táticas e as armas de sua defesa aérea, o armamento do helicóptero de escolta permitia à mobilidade aérea continuar sendo um instrumento fundamental da estratégia dos EUA ao longo da guerra.
À medida que a guerra prosseguia, o inimigo diminuía a sua desvantagem tecnológica. Não apenas evitou as condições sob as quais as forças dos EUA podiam ter vantagem tecnológica, mas desenvolveu armas e táticas que desafiavam o armamento americano. De 16 de outubro de 1962 a 15 de março de 1963, apenas 11 helicópteros de transporte tático foram atingidos pelo fogo inimigo. Nenhum foi perdido. Dez anos depois, no Laos, durante a Operação Lam Son 719, de dois meses de duração, foram destruídos 107 helicópteros (principalmente os de transporte de tropas) e outros 600 sofreram danos(16).
Operar dentro do Laos foi um teste difícil para a tecnologia dos helicópteros. O Exército havia conseguido controlar a entrada de suprimentos no Vietnã do Sul e manter o inimigo em desequilíbrio. Como resultado, os helicópteros, no Vietnã do Sul, tipicamente enfrentavam apenas metralhadoras de 7.62mm e 12.7mm. Porém, concentrados no Laos, havia armas de 23mm, 37mm e 57mm, arranjadas em posições de apoio mútuo. De fato, durante a campanha de fevereiro a março de 1972 no Laos, o Exército capturou cerca de 2.000 armas coletivas.
A tecnologia americana deu um “grande salto adiante para a humanidade” nos anos 60. A corrida para chegar primeiro à lua e a intensificação da guerra do Vietnã aceleraram a inovação e solidificaram a crença cultural dos EUA — e a sua dependência — na tecnologia.
Aperfeiçoamentos nos helicópteros de combate durante esse período são um exemplo perfeito de como a tecnologia pode prover vantagens numa guerra. Helicópteros fortemente armados e confiáveis permitiram aos comandantes em campanha obterem a iniciativa tática e permitiram à aeromobilidade do Exército evoluir, apesar dos esforços agressivos do inimigo para interferir com o transporte de tropas via helicóptero.
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