Master-Model

Próximos Eventos Programados:

XV Open de Plastimodelismo Superkits : 01/06/2024 a 02/06/2024          27º Open GPC : 17/08/2024 a 18/08/2024          V Xtreme Modeling Latin America : 26/10/2024 a 27/10/2024          XX Convenção Nacional de Plastimodelismo do GPBH – IPMS/MG : 09/11/2024 a 10/11/2024          Open GPPSD : 30/11/2024 a 01/12/2024          

XI

Fórum dedicado a materias de cunho histórico que não se encaixem nas outras categorias.

Moderador: Moderadores Multimidia

Avatar do usuário
Azevedo
Membro
Mensagens: 781
Registrado em: 03 Jun 2012, 07:06
Nome: Anderson Azevedo
Localização: Fortaleza, Terrinha arretada de boa !
Agradeceu: 0
Curtiram: 0

XI

Mensagem por Azevedo »

Se a perspectiva de um ‘dogfight’ provocava entusiasmo e regozijo entre os pilotos, então os ataques ao solo evocavam o oposto. Ataque ao solo geralmente significava bombardeiro de mergulho ou metralhar alvos em terra. Era um serviço perigoso e mortal – não apenas por causa da ameaça da flak, mas também pelo fato de que as missões eram operacionalizadas a altitudes muito baixas. Se você fosse seriamente atingido, você tinha pouco espaço para manobrar e muito pouco tempo para pular para fora da aeronave de forma segura. Eliminar os caças inimigos dos céus era importante, mas tão importante quanto era o auxílio prestado às tropas terrestres através do apoio aéreo aproximado (Close Air Support). Mesmo embora a maioria das lideranças da Força Aérea do Exército acreditasse que o bombardeamento estratégico a alta altitude fosse a chave para a vitória, o apoio aéreo aproximado – ataque ao solo – provou ser o uso mais efetivo do poder aéreo durante a Segunda Guerra Mundial. Por mais que fossem devastadores os ataques efetuados pelos bombardeiros pesados, estes não conseguiram destruir a capacidade de resistir da Alemanha. Na realidade, a produção de todos os materiais vitais para o esforço de guerra da Alemanha atingiu os seus números máximos entre os anos de 1944-45 depois de anos de bombardeamento estratégico. Por outro lado, o bombardeamento tático (uso do poder aéreo para apoio direto às tropas terrestres) provou ser extremamente eficiente, o melhor exemplo sendo talvez a Brecha de Falaise (Falaise Gap) na França quando os caças-bombardeiros aliados transformaram a rota de retirada do Exército Alemão em um caldeirão de morte. Os caças aliados destruíram trens, caminhões, casamatas, centros de comunicação, soldados e muitos outros alvos. Os caças forneceram um apoio crucial para as tropas aliadas em terra. Esse modelo se fez verdadeiro por praticamente toda a guerra. O uso efetivo de aeronaves em apoio às tropas em terra ajudou a ganhar várias batalhas para os Estados Unidos e transformou muitos campos de batalha em verdadeiras zonas de destruição para as tropas inimigas.

Ao invés do seu uso em ‘dogfights’, os pilotos de caças aliados eram cada vez mais enviados para as missões menos gloriosas e mais perigosas de ataque ao solo, especialmente ao final da guerra na Europa quando a capacidade de luta dos caças alemães era praticamente inexistente devido a anos de uma guerra de atrito. Frank Harrington, um piloto de caça do 78º Grupo de Caças, voou a maioria das suas missões como ataque ao solo. Ele ressentia o fato de que os ases recebiam a maioria das atenções: “Por razões as quais eu não entendo, o ‘glamour’ é creditado aos pilotos de caças envolvidos em combate aéreo. Mesmo assim, da maneira que eu penso, era muito mais perigoso ser designado a uma missão de ataque ao solo para apoiar as tropas terrestres.” A maioria dos pilotos, até mesmo os ases, provavelmente concordariam com Harrington. O maior perigo para o piloto era o ataque ao solo e não o ‘dogfight’. À baixa altitude, a flak poderia ser intensa e a maioria dos caças, sendo o P-47 uma notável exceção, não agüentavam o tipo de castigo que os bombardeiros, voando a alta altitude, poderiam suportar. O piloto de caça Jack Ilfrey voou várias missões de ataque ao solo durante o seu período de serviço junto ao 20º Grupo de Caças. Embora ele compreendesse a importância vital de tais missões, os perigos poderiam ser inquitantes: “Esse tipo de combate era o pior. Você não poderia fazer nada contra aquelas pessoas que atiravam contra você a partir do solo, tal como você poderia fazer contra aquele que estivesse atirando contra você no ar. Os trens alemães tinham vagões com flak, na maioria das vezes colocados atrás da locomotiva. Esses vagões de flak eram disfarçados como vagões comuns, mas nós sabíamos que eles estavam lá. Eu dia eu avistei um (trem) e fui direto para destruir a caldeira, mas o vagão de flak estava me esperando – eles me abateram.” Ilfrey sobreviveu ao pouso forçado e conseguiu fugir. Ele se disfarçou de fazendeiro francês, foi de bicicleta até as linhas americanas e acabou voltando para a sua unidade.
Clifford Harrison pilotou P-47 no 86º Grupo de Caças. Na sua primeira missão, ele e seus companheiros fizeram um bombardeio de mergulho contra uma locomotiva alemã. Ao seguir o seu ala líder, ele não acreditava na inclinação do seu mergulho: “Uma flak considerável estava sendo disparada contra nós, mas o que realmente me preocupava era quando sair do mergulho. Parecia que eu estava voando direto para o solo. Foi quando decidi que, independente de onde estava o líder (da esquadrilha), era hora de soltar as bombas e subir. De repente eu descobri que uma única mão para puxar o manche para trás não era o suficiente. Eu coloquei ambas as mãos e puxei com toda a força que eu tinha. Eu desmaiei e quando recobrei a consciência estava indo diretamente para cima. Eu avistei outros P-47 da minha esquadrilha e, rapidamente e aliviado, me juntei a eles.” O depoimento de Harrington aponta um fato crucial sobre ataque ao solo. Grande parte do perigo era devido ao ângulo do mergulho necessário para fazer o ataque ao solo. Esses mergulhos expunham os pilotos a intensas forças da gravidade (geralmente chamadas de Forças G) e que causavam uma imensa pressão sobre os seus corpos, na maioria das vezes causando o desmaio. As probabilidades de se perder o controle e chocar com o solo eram extremamente altas. Subir após tais mergulhos requisitava força, precisão temporal e perícia. Assim, a cada vez que um piloto se dirigia ao solo para atacar um alvo terrestre, ele tinha uma grande chance de cair ou de ser atingido pelo fogo inimigo.

Apesar dos perigos, muitos pilotos se tornaram mestres no ataque ao solo. Hannibal Cox, do 332º Grupo de Caças, em uma oportunidade liderou uma missão de ataque ao solo que destruiu completamente uma base aérea alemã: “Era impossível para que os aviões inimigos conseguissem levantar vôo. Um avião estava taxiando (...) e o meu elemento número 3 o atingiu antes que ele conseguisse se posicionar. Eu atingi um abrigo aonde havia um avião e com pilotos tentando entrar nele. As balas de .50 incendiaram o alvo quando ele foi atingido.” Danny Davis, do 364º Grupo de Caças, também semeou a destruição em uma base aérea alemã: “Quando eu avistei os aviões, comecei a atirar em rajadas curtas em uma fila de Me-110. Pedaços deles se desprendiam mas sem fogo ou explosão. Eu percebi uns pequenos objetos vermelhos vindo em minha direção (...) do tamanho de bolas de golfe. Eram projéteis de 20mm dos canhões anti-aéreos.” Davis então passou por entre um par de posições de flak e seguiu caminho em direção ao mar e para longe do fogo anti-aéreo implacável. Ken Smith um piloto de P-39 do 350º Grupo de Caças, participou de uma missão de ataque ao solo em um dia na Itália em 1943. Ele e seus companheiros voaram por algum tempo procurando por algo que valesse a pena atacar. Ele tinha acabado de atingir alguns postes de alta tensão quando acharam um linha férrea com alguns vagões: “A gente (...) estava se divertindo atirando nos vagões na linha férrea. Eu estava acabando com um quando Ben Jones veio pelo lado e atravessou bem na frente da minha linha de fogo. Eu imediatamente parei de atirar quando o vi mas mesmo assim ele atravessou a minha linha de traçadoras. Eu ansiosamente o chamei pelo rádio ‘Tudo bem contigo?’ Ele respondeu ‘Valeu, Ken. Você acabou de me dar o maior susto’. Ele continuou a atirar enquanto que Pee Wee atingiu um pequeno Fiat na estrada ao lado da linha férrea. Quando ele atingiu com um tiro de (canhão) de 37mm, o Fiat simplesmente desapareceu.”
O relato de Smith aponta claramente dois pontos. Primeiro, mostra o quão perigoso era o ataque ao solo: Smith quase abateu o seu próprio amigo. Segundo, demonstra um pequeno exemplo de como o ataque ao solo poderia ser devastador para o inimigo. Quase sem fazer esforço, Smith e seus companheiros estouraram vários trens, postes de alta tensão e automóveis italianos.

Quentin Aanenson passou por maus bocados enquanto realizava ataques ao solo. A flak atingiu o seu avião várias vezes mas não conseguiu abatê-lo. Durante os bombardeios de megulho, ele sobreviveu a todos os perigos que iam da flak, passando por cabos de alta tensão e desmaios. Ele racionalmente percebeu a efetividade de suas metralhadoras e bombas ao destruir o inimigo, mas um incidente em particular lhe deu a oportunidade de presenciar em primeira mão o quão o ataque ao solo era indispensável para salvar as vidas dos soldados de infantaria americanos. Em novembro de 1944, ele e seu ala faziam um ataque ao solo contra posições alemãs no limite da Floresta de Hurtgen quando receberam o chamado de socorro de um capitão da infantaria cuja unidade estava prestes a ser tomada por um tanque alemão. Ele não teve outra solução a não ser jogar o seu arsenal em cima da posição do capitão americano: “Eu pedi para que ele dispersasse os seus homens o máximo possível. Eu vim no meu mergulho em uma altitude mais baixa do que o normal, assim eu podia ver o tanque durante toda a aproximação e fiz esse mergulho o mais devagar possível na tentativa de ter a máxima precisão. Eu estava apavorado de poder errar o alvo e atingir os rapazes. Quando eu soltei as bombas, eu apliquei força máxima no motor do avião para me afastar do detonar das bombas, mas acabei voando através de uma boa parte estouro e recebi uma grande parte da explosão e acabei sendo avariado. Eu não tenho como descrever a enorme felicidade em olhar para trás e ver o tanque alemão em chamas e completamente destruído. O capitão de infantaria estava no rádio, berrando loucamente e eu podia ver alguns de seus homens acenando para mim.”

Há um detalhe surreal a ser adicionado a esta história. Dois anos após o fim da guerra, Aanenson conheceu o seu novo vizinho, um ex-veterano que fora capitão de infantaria. Enquanto conversavam, Aanenson descobriu que esse vizinho era o mesmo capitão de infantaria ao qual ele havia ajudado a sobreviver ao destruir o tanque alemão: “Através de uma combinação inacreditável de circunstâncias, o capitão de infantaria e o piloto de Thunderbolt, os quais haviam partilhado um momento dramático e emocionante em comum durante a guerra, agora estavam juntos, frente a frente. Enquanto conversávamos sobre aquele dia, ambos quase começaram a chorar.”

A experiência de Aanenson de salvar a unidade de infantaria pode ter servido a ele em perceber a importância do apoio aéreo mas ao mesmo tempo não conseguiu diminuir o receio dos seus perigos. Por outro lado, John Marshall, um piloto de caça do 404º Grupo de Caças, na realidade parecia gostar das missões de ataque ao solo. Sua agressividade e impetuosidade em eliminar o inimigo nesses ataques se tornaram evidentes através das cartas que ele escrevia a seus pais. No verão de 1944, ele escreveu uma carta expondo a satisfação do seu trabalho: “O bombardeio de mergulho pelo qual eu sou viciado, é uma destruição deliberada e dos infernos a qual (...) eu, em grande parte, faço com prazer. Como abutres, a gente sai por aí apenas procurando por problemas. Tudo o que você precisa é de um temperamento equilibrado e um bom julgamento, acrescidos de uma sorte razoável. De vez em quando uma pobre alma é pega se deslocando por uma via ou pulando para fora de um carro – dependendo da situação, a minha educação Quaker (Quaker é o nome dado a uma corrente religiosa com origem no movimento presbiteriano inglês e que são conhecidos pela defesa do pacifismo e da simplicidade – N. do T.) vai para o quintos dos infernos. Quando aqueles metralhadoras berram, elas lembram um pouco ao se atingir um tomate com um bastão de beisebol – pode soar grosseiro, mas eles estão nos pagando muito bem para fazer um trabalho o qual eu poderia fazer prazerosamente de graça.”

Em outra ocasião, ele escreveu para expressar a sua alegria ao salvar uma unidade de infantaria que estava cercada pelo fogo inimigo. O seu ataque conseguiu efetivamente destruir a resistência alemã no setor daquela unidade de infantaria: “Quando eu pousei, o sargento de armamento olhou para as metralhadoras, botou o quepe para o lado e disse com um sorriso nos lábios: ‘Jesus, capitão Marshall’. As metralhadoras estavam a ponto de derreterem. A unidade em solo praticamente berrava pelo rádio com ‘obrigado pelo apoio – Jesus, muito obrigado. Aqueles caras simplesmente jogaram fora as armas e foram embora’. Ao que parece, nós colocamos uma Divisão de Infantaria em uma retirada completamente desorganizada e ainda mais com uns bombardeamentos em algumas posições de artilharia ‘bem no alvo’. Nunca me diverti tanto.”

Missões de ataque ao solo também eram importantes no Pacífico. Em algumas ocasiões, tropas japonesas resistentes e bem entrincheiradas só podiam ser derrotadas com a ajuda do apoio aéreo. Boyce Holleman, um piloto da Marinha, se lembra de atacar posições inimigas em Saipan em apoio direto às tropas de combate dos Fuzileiros Navais: “A gente tinha acabado de atirar aqueles foguetes de oito polegadas (...) um atrás do outro e você podia ver os Japas saindo correndo das trincheiras enquanto que elas explodiam.” Trens, caminhões, navios e bases aéreas japonesas também serviam como alvo. Charles Bond cercou um comboio de suprimento japonês em Burma em 1942: “A gente praticamente os destruiu. Após o primeiro ataque, a estrada estava coberta com sangue, gado morto e caixas perfuradas. Deus, que bagunça! Cara, o que aqueles projéteis de .50 podiam fazer! Era uma coisa repugnante de se pensar na hora, mas estes pensamentos eram passageiros.” Harold Rosser, um piloto dp 33º Grupo de Caças, passou muito do seu período de combate realizando ataques ao solo contra os japoneses. Um dia sua unidade bombardeou um ponto em Mawiu, Burma: “A artilharia anti-aérea japonesa era de dar medo. Tendo aprendido a evitar de atingir os aviões que atacavam mirando diretamente neles, eles concentravam (...) em um ponto à frente do avião, uma técnica que assegurava a eles pontos de impacto. A artilharia anti-aérea era o que mais me preocupava quando do ataque ao solo. Eu segui o Ruddy (o elemento líder) no seu mergulho para soltar as bombas. Ao iniciar a minha recuperação, eu soltei as bombas assim que a mira no canopy se levantou acima do alvo. A artilharia anti-aérea era intensa. Girando, virando e desviando, a gente usava todas as manobras evasivas que nos foram ensinadas somadas com algumas (manobras) extras que aplicávamos. Girando a tempo de ver uma bomba explodir no aterro em uma das extremidades da ponte e que atingiu um dos seus alicerces, eu vi um grande pedaço do vão central cair na água. O que sobrou foi um enorme buraco.”
Coloclinic
Coloproctologia e cirurgia geral
Dr Anderson Azevedo
Proctologia e cirurgia geral
Responder

Voltar para “Material Histórico”