CAP 4 Paulistinha - Chocomar - 1/160

[Ricardo Capello]

Olá a todos.

Essa é a minha primeira montagem, já concluída, e vou fazer alguns posts com o meu caminho.
Também é a primeira vez que publico. Então, vocês vão acompanhar dois retornos: montagem (mais de 30 anos de lapso temporal) e publicar em fórum (uns 5 anos afastado deste tipo de troca).

Primeiramente, vou apresentar o avião escolhido:

O CAP 4A é um avião monomotor a pistão, de asa alta, para dois tripulantes, utilizado para treinamento primário. É um desenvolvimento do EAY-201 “Ypiranga” (EAY – Empresa Aeronáutica Ypiranga) que voou pela primeira vez em 1935. Em 1943, o protótipo e os direitos de fabricação do EAY-201 foram adquiridos pela Companhia Aeronáutica Paulista, que aperfeiçoou o projeto e o rebatizou de CAP-4 “Paulistinha”. Esta companhia produziu um total de 777 aviões modelo CAP-4A, de 1943 a 1948.





Ficha técnica

CAP-4 Paulistinha
Fabricante: Companhia Aeronáutica Paulista
Comprimento: 6,65 m
Envergadura: 10,10 m
Altura: 1,95 m
Velocidade de cruzeiro: 140 km/h
Velocidade máxima: 155 km/h
Teto máximo: 4000 m
Peso vazio: 320 kg
Autonomia: 4h / 500 km/h
Motor: Franklin de 65 hp, 4 cilindros horizontais opostos

[Ricardo Capello]

Sobre o kit:

Encontrado em lojas de artigos para festas, em uma embalagem com 5 unidades em cores sortidas.

O kit já vem montado, dispensando manual de instruções. A forma de montagem é snap-type, e o material utilizado para sua construção é polietileno.






Para minha montagem, me utilizei de engenharia reversa, desmontando alguns kits e escolhendo as melhores cores dentre as disponíveis. Imaginei que peças em cores mais claras me dariam menos trabalho durante a pintura. Nunca trabalhei seriamente em polietileno.

O fabricante não se preocupou em fazer uma embalagem que proteja os kits, não inclui manual de montagem, não oferece sugestões de pintura nem traz decalques para aplicação no modelo. A informação sobre a escala é inexistente, e as proporções do modelo são claramente diferentes do avião original. Aparentemente, o fabricante pouco se preocupa com o trabalho que isso vai dar aos plastimodelistas que optam por montar este modelo.

[Ricardo Capello]

Sobre o trabalho no modelo:

Primeiramente, procurei ajustar as proporções do modelo. As asas, em especial, são muito mais curtas do que deveriam.

Peguei 2 asas, e comecei a arte do scratch: cortei partes delas e fiz uma remontagem, aumentando a envergadura.





A minha briga com o polietileno começou aí. Foi muito dificil unir os fragmentos de maneira firme. Primeiro usei cianoacrilato em gel (Super Bonder), mas apenas isso não dava firmeza. Os fragmentos se soltavam só de "olhar feio". Após uns 4 acidentes que resultaram em separação das partes, decidi mudar a abordagem: depois de colar com Super Bonder, foi a vez de um alfinete aquecido na boca do fogão e tentativa de fusão a quente dos pedaços. Ficou bem melhor, apesar de feio. Para cuidar da feiúra, fui aprendendo a usar lixas, massa Lazzudur e corretivo escolar. Acabou dando certo.

Outro ajuste necessário foi o reposicionamento do trem de pouso. Cortei o suporte das rodas com alicate de cutícula, ajustei o formato e fiz o novo posicionamento, com a reconhecida técnica de "Super Bonder - xingamentos - alfinete quente". Novamente, um acabamento com massa plástica e corretivo foi realizado.



A hélice que vem no kit pediu um pequeno ajuste também, mais discreto. A "barbatana" que faz a função de roda traseira foi retrabalhada para ficar mais parecida com uma rodinha, e o suporte da hélice foi reduzido, buscando uma maior proporcionalidade com o avião original.

Na foto abaixo, busquei mostrar as diferenças entre as peças originais e as modificadas.

[alvarenga]

Legal Ricardo.
Esse foi o primeiro avião que voei. Devo ter umas 50 horas no Paulistinha.
Acompanhando.
Abraços

[Ricardo Capello]

Após a definição da dimensão das peças, comecei a pensar na montagem.

Inventei de tentar fazer "vidros" para os buracos das janelas, recortando pedacinhos de pote plástico tipo "Queijo Danúbio"



Me esforcei e não consegui. Foi muito dificil colar os plásticos do lado de dentro da fuselagem superior, com uma cola que não fixa imediatamente. Acabava ficando com vãos, ou marcas de cola nas transparências, e acabei desisitindo da ideia. Esse aviãozinho vai voar com janelas abertas e sem para brisa.

Colei as asas na parte superior da fuselagem com cianoacrilato. Cola de modelismo não funciona em polietileno.

Apliquei Primer Acrilex no modelo todo, inclusive no interior das peças da fuselagem. E dentro, pintei de preto fosco, diluído com Vidrex Cristal.
Usei este modelo como curva de aprendizado para várias coisas: acuidade visual, destreza manual, vocabulário para praguejar, tipos de pincel, formas de diluição...



Com o interior pintado de preto, não me preocupei com a ausência de detalhes nesta área.

Outra modificação feita foi no trem de pouso: separei as rodas, eliminando o eixo que as unia.

E nas fotos vi que o avião possui algum tipo de "estirantes" entre as rodas e a fuselagem. Não entendo nada de aviação. Imagino que seja algo semelhante a amortecedores e estabilizadores, para absorver o impacto no pouso.



Para estes detalhes, me utilizei de filamentos de PET de vassoura (tipo "piaçava), cortados com alicate e colados com cianoacrilato.

[Ricardo Capello]

Mais uma modificação que inventei: fazer os suportes sob as asas, e na parte traseira do avião.

Para os suportes das asas, usei novamente filamentos de PET retirados de uma vassoura, e colados com cianoacrilato.

Para os suportes/estirantes da cauda, usei fio de nylon 0,40mm para pesca. Colei também com cianoacrilato em gel.





Eu gostei do resultado.

Um detalhe que não citei: ao "fechar o pastel", reforcei o fechamento com cianoacrilato nos encaixes do interior, para evitar que o brinquedinho se abra.

Após a montagem dos filamentos, fui inventar de fazer um pre-shading nas reentrâncias das asas, usando pincel e tinta acrílica preta. Novamente, fiz isso a título de experiência.



A partir daí, comecei a pintura. Me inspirei nas fotos presentes no primeiro post desta montagem: rodas e hélice pretas, asa branca, fuselagem branca e vermelha.

Foi minha primeira experiência com fita de mascaramento Revell. Achei relativamente fácil de usá-la, mas cometi vários erros. O principal erro foi não ter cuidado de colar toda a fita no modelo, e algumas bordas ficaram descoladas. E ao pintar, a tinta entrou SOB a fita, invadindo a área desejada de mascaramento. Além disso, não cuidei de pincelar a tinta "para fora" da fita de mascaramento. Mas só percebi isso ao tirar a fita. Em alguns lugares eu raspei essa tinta que invadiu, desnudando o plástico.

E, ao tirar a fita, mais uma surpresa: parte da tinta veio junto. Deve ter sido um conjunto de coisas: primer mal aplicado ou muito diluído, característica do polietileno (que pede tintas específicas que NÃO usei), primer ruim...





Corrigi essas falhas aplicando primer novamente no plástico exposto, e aplicando novamente tinta com um pincel bem fino e paciência. Mas o resultado não ficou bom: ficou com muitas marcas. Deixei assim mesmo.

[Ricardo Capello]

Que legal a ideia.

Se eu puder dar uma dica, corte esse montante do vidro na frente, os teco-tecos não tem esse montante.

Abraços

[Ricardo Capello]

Show de bola Ricardo! Esse aviãozinho me lembra as festas de infância, muito legal você conseguir pegar um brinquedo desses e trabalhar em cima. Como te falei, esse primer aí não é lá essas coisas, eu usaria um mais adequado, mas de resto, parabéns pela ideia e pelo trabalho!

[C-A-F-Lobao]

Bacana Ricardo!

Muito bom esses testes e aprendizados!

Mascarar pintura com pincel é difícil mesmo! Vale muito a pena os testes e ver as melhores formas de ter os melhores resultados.

Manda ver nesse projeto aí!


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[Ricardo Capello]

Trabalho concluído.

Usei tintas acrílicas da Acrilex diluídas em Cera Brilho Fácil. Testei diluições com água, Vidrex Cristal e BF, e gostei mais da última. E não foi fácil me acertar com pincel. Testei vários formatos, e modos de "correr" as cerdas. Em algumas vezes deixei marcas das cerdas, em outras eu deixei tinta acumulada. Mesmo buscando a tal "consistência de leite", apanhei.

Usei as cores BRANCO fosco, PRETO fosco, VERMELHO brilhante e ALUMÍNIO (metal).

Após o incidente do descolamento da tinta com a fita de mascaramento, passei nova camada de primer no plástico exposto, esperei a secagem, e apliquei novas camadas de branco. FIcou degrau. Devia ter usado corretivo escolar para preencher essa diferença, mas não tive essa disciplina.

Com toda a tinta seca, foi a vez de "selar" o trabalho. Como queria um acabamento brilhante, apliquei Cera Incolor Brilho Fácil: seis demãos esperando ao menos 15 minutos entre elas (valeu, Lobão). Gostei de como ficou. Com isso, as tintas foscas ficaram com aspecto brilhante (valeu, Sekiji).









E, após o a finalização, recebi a sugestão de deixar o vidro dianteiro sem o montante (palavra nova para mim). Voltei ao modelo, retirei a "coluna" entre as janelas dianteiras, e vi com muita alegria a tinta descascar inteira naquela região. Realmente trabalhar em cima de polietileno deve pedir material bem específico. Mas como sou teimoso, fui à luta: descasquei a tinta que estava solta, apliquei primer novamente na região, tinta vermelha com um pincel bem fino e novas camadas de BF. Ficou muito bom (valeu, Gaspar).







E com isso, dou por terminado esse pequeno projeto de aprendizado. Por sorte os meus modelos futuros não serão em polietileno.

Agradeço a atenção de todos. Foram muito gentis me acompanhando nas minhas dúvidas.