Histórico
O EMB-121 surgiu como uma resposta da Embraer a Crise do Petróleo surgida no início dos anos 1970. Até aquele momento, a preferência era para o jato, mas com a Crise, seu custo de operação elevou-se muito.
Para responder a essa nova realidade do mercado, a Embraer iniciou estudos para uma família de turboélices capazes de aliar teto operacional para melhor desempenho e cabine pressurizada para maior conforto.
Essa nova família foi batizado com projeto “12X”.
“Todos os membros da família” (12X) “teriam em comum a fuselagem com cabine, leme e seção de asa, além da asa aerodinâmica supercrítica”(...). “As diferenças entre os aviões da família estariam na potência dos motores e no uso de seções adicionais na cabine, permitindo capacidades diferentes de passageiros.”
O primeiro modelo dessa nova família foi justamente o EMB-121 Xingu, batizado em homenagem ao Rio afluente do rio Amazonas e destinado a aviação executiva.
O Xingu aproveitava o desenho de asas e a motorização turboélice do antecessor Bandeirante, mas também trouxe várias inovações. Foi o primeiro avião pressurizado construído e projetado no Brasil. A cauda em “T” deixava os estabilizadores horizontais fora no rastro de sopro das hélices dos motores. Na fase inicial de desenvolvimento do Projeto 12X, os engenheiros da fabricante contaram com o auxílio de colegas da norte-americana United Technologies, especialmente no aspecto de usinagem química, técnica necessária para fabricação de aeronaves metálicas pressurizadas.
Além das inovações tecnológica o design do Xingu era inovador com um nariz mais fino, lembrando um jato.
O projeto do Xingu serviu como base para o futuro EMB-120 Brasília. É interessante notar que mesmo vindo depois, o Brasília possui um número anterior ao Xingu.
Linha do Tempo
- 1976: Primeiro protótipo
- 22/out/1976: Primeiro voo do protótipo
- 04/dez/1976: Apresentação oficial do protótipo
- 04/mai/1977: Primeiro voo de teste com cabine pressurizada
- 26/mai/1977: Um Xingu e um Bandeirante atravessaram o Oceano Atlântico e foram apresentados no Salão de Le Bourget em Paris, França. Não só foi a primeira presença da Embraer neste salão como a primeira vez em que uma aeronave de fabricação nacional atravessou um oceano.
- 1978: O Xingu é incorporado na FAB como VU-9, onde permanece em operação até 2010.
- Junho/1979: Homologação para uso civil.
- 30/ago/1979: Roll-out do Xingu.
- Dezembro/1979: Homologação do sistema de degelo nos EUA.
- 04/set/1981: Xingu II – mais silencioso com com motores PT6A-135 e hélices quadripá.
- 1983: A França incorpora o Xingu no treinamento de pilotos militares. É até hoje o maior operado do Xingu, com 43 unidades e vida operacional prolongada até 2025, quando completará 42 anos em operação.
PP-ZXI - Protótipo do Xingu em voo.
Emprego na FAB
A Força Aérea Brasileira foi o primeiro comprador do “Xingu”, onde recebeu a denominação de VU-9, sendo destinado ao Grupo de Transporte Especial (GTE) sediado em Brasília com missão de transporte de autoridades.
Na FAB os VU-9 foram operados pelo 6º Esquadrão de Transporte Aéreo – 6º ETA em um total de seis unidades. Em 1983, esses aparelhos foram modificadas para o padrão “Xingu II”.
O Museu Aeroespacial (Musal) preserva um exemplar em exposição (matrícula FAB 2654) desativado em 2010 e incorporado ao acervo do Musal em 04 de agosto de 2011.
Especificações
- Fabricante: Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. - EMBRAER – Brasil.
- Motor: 2 turbo-hélices Pratt & Whitney PT6A-28 de 680 s.h.p.
- Desiginação Militar: VU-9
- Comprimento: 12,25 m
- Envergadura: 14,45 m
- Altura: 4,74 m
- Peso Vazio: 3.500 kg.
- Velocidade Máxima: 450 km/h
- Alcance: 2.352 km.
Passageiros: 9
Número de unidades produzidas: 106, sendo 51 exportadas.
Curiosidade
Na noite de 19 de maio de 1986 e que passou a ser conhecida como a "Noite oficial dos OVNIs no Brasil" quando mais de vinte objetos luminosos atravessaram o espaço aéreo brasileiro.
Na noite daquela segunda-feira, 21 objetos voadores não identificados, foram avistados por dezenas de testemunhas, civis e militares, em quatro Estados: São Paulo, Rio, Minas e Goiás.
Cinco caças da Força Aérea Brasileira (FAB) foram acionados pelo Centro de Operações da Defesa Aérea (CODA) para interceptar os supostos invasores. Apesar de contato visual, não conseguiram alcançar ou sequer identificar o que seriam esses objetos.
Acontece que um avião bimotor Xingu, prefixo PT-MBZ voltava de Brasília (DF) com destino a São José dos Campos (SP).
A bordo estavam o coronel Ozires Silva, que voltava de uma reunião com o presidente da República, José Sarney, e seu copiloto, Alcir Pereira da Silva.
Às 21h04, o controle de Brasília entra em contato com o piloto do bimotor, o próprio Ozires Silva e lhe questionou se ele havia avistado "algo de esquisito no ar".
Ozires então manobrou o Xingu para tentar uma aproximação do alvo, descrito como "ponto luminoso", sem contudo conseguir alcança-lo. Outras aeronaves que voavam na região também relataram o contato visual com luzes no céu.
No dia seguinte, Ozires Silva tomou posse como o novo presidente da Petrobras. Na coletiva de imprensa, nenhum jornalista lembrou de perguntar algo sobre petróleo. Todos queriam saber apenas sobre discos voadores.
Apesar da FAB ter realizado um relatório de investigação sobre o caso, o mesmo foi inconclusivo. Esse relatório está hoje disponível para consulta pública no Arquivo Nacional.
Ouça a narrativa da história pelo próprio Ozires a partir dos 3min17seg
Fontes:
EMBRAER SA. “Xingu” . Centro Histórico, disponível em < https://historicalcenter.embraer.com/br ... -121-xingu > Acesso em 28/02/2022.
BRASIL, COMAER. “XINGU – EMB-121, Embraer”. Museu Aeroespacial, disponível em < https://www2.fab.mil.br/musal/index.php ... /303-xingu > Acesso em 28/02/2022.
WIKPEDIA. “Embraer EMB-121”, disponível em < https://pt.wikipedia.org/wiki/Embraer_E ... te_note-10 > Acesso em 28/02/2022.
Fotografias
EMBRAER SA. “Xingu” . Centro Histórico, disponível em < https://historicalcenter.embraer.com/br ... -121-xingu > Acesso em 28/02/2022.
BRASIL, COMAER. “XINGU – EMB-121, Embraer”. Museu Aeroespacial, disponível em < https://www2.fab.mil.br/musal/index.php ... /303-xingu > Acesso em 28/02/2022.