Fala galera!
Depois do Tucano partirei para uma montagem bem mais simples, sem cirurgias, cortes, adições, doideras no scratch... Tentarei manter a montagem bem objetiva para relaxar mesmo.
Desta vez será o P-51D Bad Angel, pilotado pelo Lt L. E. Curdes. Este piloto teve uma jornada épica durante a Segunda Guerra terminando em um casamento digno de filmes. Curdes participou dos fronts da Europa e Pacífico, foi preso e mantido como prisioneiro de guerra, foi um dos três pilotos aliados a abaterem aeronaves de todas as forças do Eixo, e ainda, em um nobre ato, Curdes abateu uma aeronave americana.
Então senta que lá vem história, e das boas!!
Louis Edward Curdes
Louis Curdes nasceu em 2 de novembro de 1919, filho de Esther (nascida Kover) e Walter Curdes. Ele cresceu em Fort Wayne, Indiana, e se matriculou na Purdue University. Depois de quase três anos de estudo, ingressou na Reserva do Exército em 12 de março de 1942. Ele se tornou um segundo tenente e se formou na Escola de Voo em 3 de dezembro de 1942, em Luke Field, Arizona, aos 22 anos. Mais tarde foi enviado ao teatro mediterrâneo para lutar contra os alemães no sul da Europa.
Front Europeu
No final de abril de 1943, o segundo tenente Louis E. Curdes, de Fort. Wayne, Indiana, chegou ao norte da África para pilotar um P-38G para o 95º Esquadrão de Caças, 82º Grupo de Caças. Ele participaria da fase final da Campanha da Tunísia. Em sua primeira missão, escolta de bombardeio em 29 de abril, o Lightning encontrou o Messerschmitt 109 do alemão Jagdgeschwader (Fighter Wing) 27 sobre Cap Bon, a primeira vitória de Curdes.
Após apenas duas missões e pouco mais de um mês de combate, o novo P-38G-10 de Curdes pintou cinco suásticas no nariz. No verão de 1943, ele realizou 44 missões de combate, 200 horas no total.
Em 24 de junho ele abateu a segunda força do Eixo, um Macchi C.202 Folgore italiano sobre Golfo Aranci na costa norte da Sardenha.
Prisioneiro de Guerra
No dia 27 de agosto de 1943, a sorte de Curdes acabou. Enquanto escoltava B-25s para Benevento, Itália, o 95º enfrentou 50 caças inimigos sobre Nápoles. Curdes acertou dois, mas também foi atingido. Ele aterrissou em uma praia a cerca de 16 quilômetros ao sul de Salerno, incendiando seu avião antes da captura.
Inicialmente levado para um mosteiro transformado em prisão, Curdes e vários outros cativos escaparam em pouco mais de uma semana, mas logo foram recapturados e enviados para um campo de segurança máxima. Os eventos na Itália, no entanto, estavam se movendo de forma rápida. Quatro dias depois, o país se rendeu. Antes que seus prisioneiros pudessem ser entregues aos alemães, guardas italianos simpáticos lhes deram cobertores e rifles e os soltaram. Durante oito meses, dormindo em cavernas, juntando comida e abrigando-se com guerrilheiros, Curdes e outros seguiram seu caminho para o sul, em direção ao avanço dos Aliados. Em 27 de maio de 1944 - nove meses depois de ser abatido - ele ouviu o som da batalha, seguiu em direção a ela e encontrou unidades avançadas do 8º Exército britânico.
Os regulamentos proibiam um ex-prisioneiros de guerra de se arriscarem no mesmo front, para que eles não fossem recapturados e torturados. Mas a guerra não acabou e Curdes ainda tinha muita luta pela frente. Ele foi transferido para o Pacífico.
Front do Pacífico
Em 06 de janeiro de 1945, as forças americanas desembarcaram em Lingayen, capital da província de Pangasinan, Filipinas. Como parte do 4º Esquadrão de Caça, Curdes voou P-51D / 20-NA # 44-63272, batizado de Bad Angel. À noite, ele e os outros pilotos se engraçavam com enfermeiras em Lingayen.
Em 07 de fevereiro, 01 mês após sua chegada nas Filipinas, a 50 quilômetros a sudoeste de Formosa, ele abateu um avião de reconhecimento bimotor Mitsubishi Ki-46 do Exército Imperial Japonês. O Dinah, aerodinamicamente, era uma das aeronaves mais bem projetadas da guerra.
Essa vitória, sua nona, transformou Curdes em um dos três ases americanos a derrubar aeronaves das três potências do Eixo: Alemanha, Itália e Japão. Mas apenas três dias depois, ele faria algo ainda mais surpreendente.
Abatendo um C-47 Americano
Curdes liderou um voo de quatro Mustangs até o extremo sul de Formosa, em busca de uma nova base aérea japonesa suspeita. Ao sobrevoar a Ilha Batan no Estreito de Formosa (muitas vezes confundida com Bataan), eles encontraram combatentes inimigos em uma pista de pouso, derrubaram dois e destruíram outros três no chão. O líder da seção de Curdes foi atingido e realizou um pouso forçado no mar.
Curdes enviou seus asas de volta a Mangaldan para trazer mais caças, e ordenou que seu próprio ala buscar um Catalina para resgate. Enquanto isso, ele sobrevoou o aeródromo inimigo para manter qualquer caça japonês no chão. Pouco tempo depois, seu problema não era aviões tentando decolar, mas um tentando pousar.
Um transporte bimotor aproximava-se do leste. Parecia um Skytrain Douglas C-47 americano, mas o transporte japonês Showa / Nakajima L2D Tipo 0, uma cópia do C-47 construído sob licença desde 1938, era realmente o transporte japonês mais comum durante a guerra. Ao ver suas estrelas americanas, Curdes se lembraria de pensar: "Aqueles malditos japoneses consertaram um dos nossos e nem tiveram o trabalho de tirar as marcas".
"O piloto da P-51 teve que decidir se era um dos nossos aviões que havia sido perdido ou se era um DC-3 construído pelo Japão com insígnias americanasâ€, lembra o general George C. Kenney, comandante das Forças Aéreas Aliadas no Pacífico Sudoeste. "Ele voou ao lado da aeronave e se assegurou de que o piloto não era japonês."
Curdes reconheceu as marcas dos "Jungle Skippers", o 317º grupo de transportadores de tropas. Este C-47A-DL do 39º Esquadrão Militar de Transporte Aéreo decolou à s 07:00 de Leyte para Clark Field com uma carga de correio e oito passageiros, incluindo duas enfermeiras de Lingayen, mas o mau tempo na Baía de Manila o levou muito longe. De acordo com o relatório, depois de quase cinco horas no ar, eles estavam com pouco combustível e não podiam obter ajuda por rádio: “Não recebemos nenhuma orientação ou resposta de qualquer tipo. O avião continuou até 1150 horas e ainda estava sobre a água. O piloto então informou aos seus passageiros que estava com problemas e pousaria o avião no primeiro local que visse.†Eles avistaram várias ilhas, incluindo uma com pista de grama de 3.500 pés, mas não a reconheceram como Bataan.
"Tentei entrar em contato com o piloto por rádio, mas isso falhou", relatou Curdes.
“Curdes então mergulhou na frente do transporte para impedir que ele aterrisse na base em posse do Japãoâ€, disse General Kenney. “O piloto do transporte circulou repetidamente e começou a se preparar para o pouso. O piloto da P-51 decidiu então uma medida desesperada.â€
O relatório C-47 dizia que o trem de pouso já estava baixo, e a 150 pés de altitude, com o avião se preparando para o pouso, quando seis rajadas de metralhadora surgiram em sua frente.
"Atirei a frente do nariz", relatou Curdes, "mas ainda assim ele continuou para a pista de pouso."
A essa altura, eles estavam tão perto do aeródromo que as armas antiaéreas japonesas abriram fogo no P-51, embora não no C-47. O Skytrain pode não ser japonês, mas em breve será. Curdes não podia deixa-lo chegar a essa base.
No que ele chamou de "último recurso", Curdes se aproximou a vinte metros do C-47, mirou com cuidado e disparou suas seis metralhadoras de calibre .50 atingindo o motor direito do Skytrain. Mesmo assim o transporte continuava em aproximação. Os passageiros e a tripulação lá dentro devem ter ficado horrorizados ao ver o Mustang circular e destruir também o motor esquerdo. Embora atingido e sem os dois motores, o C-47 conseguiu realizar um pouso suave no mar, a poucos metros do P-51 do ala de Curdes que foi abatido. Todos a bordo do Skytrain se distribuiram em três botes salva-vidas. Curdes os circulou por uma hora, mas não disparou novamente.
Curdes deslizou o dossel para trás jogou um bilhete: “Pelo amor de Deus, afaste-se da costa. Japoneses estão lá."
A essa altura, todos já haviam entendido isso. "Estávamos a uma milha da ilha quando metralhadoras e rifles abriram fogo da costa", diz o relatório da tripulação. "Estávamos fora de alcance, mas os disparos continuaram por 30 minutos."
Curdes e seu ala retornaram a Mangaldan, mas antes do amanhecer voltaram a Bataan para encontrar os botes salva-vidas, incluindo o de seu líder de seção abatido anteriormente, juntos em Songsong Bay, a oeste da ilha. Eles circularam até a chegada do Catalina e tiraram todos em segurança.
“Todos ficaram bastante chateados com a ação do rapaz da P-51 até que a situação fosse explicadaâ€, lembrou Kenney, “a partir de então o garoto era o maior herói da guerra no que eles haviam conhecido. “
De volta à base, Curdes recebeu o manifesto de passageiros do C-47 e ficou chocado ao reconhecer o nome de uma enfermeira que ele conheceu em Lingayen. Um jornalista escreveu sua história na edição de agosto de 1945 da revista Air Force: "Sete 109 e um Macchi no norte da África, um japonês e um yankee no Pacífico - e ainda por cima, tive que atirar em sua namoradaâ€.
O rapaz da P-51 já havia pintado no nariz de seu avião sete suásticas nazistas, uma insígnia italiana e uma bandeira japonesa de sua vitória no Pacífico. Ele adicionou uma bandeira americana em memória de sua mais recente façanha. "Eu concedi a ele uma medalha pelo seu trabalho e disse que esperava que ele não abatesse outra aeronave americana novamente" disse General Kenny.
Pós Guerra
Curdes e Svetlana Valeria Shostakovich, a enfermeira que estava no C-47 abatido, se casaram em 1946.
Após a Segunda Guerra Mundial, ele ingressou em uma unidade da Guarda Nacional Aérea em Baer Field e permaneceu lá até 1948 e voltou para a Força Aérea Americana. Ele participou do transporte aéreo de Berlim durante os estágios iniciais da Guerra Fria.
Foi promovido a Major em 1º de setembro de 1951 e se aposentou da Força Aérea como tenente-coronel em outubro de 1963. Após sua aposentadoria da Força Aérea, ele abriu uma empresa de construção sob o nome de Curdes Builders Company.
Louis Curdes morreu em 5 de fevereiro de 1995, aos 75 anos de idade, e foi enterrado no cemitério Lindenwood, em Fort Wayne. Sua viúva, Valéria, morreu em 10 de outubro de 2013, aos 87 anos.
Réplica do P-51D Bad Angel
Uma réplica de sua aeronave histórica, o P-51D "Bad Angel" está atualmente no Museu do Ar de Pima, em Tucson, Arizona.
Fotos e referências:
https://www.donhollway.com/curdes/svetlana.html
https://www.flickr.com/photos/dougshele ... otostream/
https://en.wikipedia.org/wiki/Louis_Edward_Curdes
https://www.donhollway.com/curdes/
https://pimaair.org/museum-aircraft/nor ... can-p-51d/
https://southernarizonaguide.com/pima-a ... -markings/
http://www.rodbearden.com/US2018/Pima%2 ... l%203.html
O kit
Utilizarei o kit da Academy em 1/72. Me surpreendi com a qualidade do kit, ainda mais pelo seu preço baixo.
Baixo relevo, algumas superfícies rebitadas, canopy aberto com duas opções, flaps posicionáveis e interior muito bem detalhado.
Como extra tenho os pneus em resina do nosso amigo Bruno da Fuel Models, decalques personalizados para a versão do Bad Angel e uma figura sensacional da Preiser para reproduzir a foto dele com o braço apoiado na lateral da aeronave.
Espero começar a montagem em breve, e como disse, tentarei não fazer nada radical nesse kit
Abraço!
)
