Quando menino ia para o aeroporto de Congonhas esperar meu pai, que viajava muito a trabalho, e os Electras II da Varig subiam e desciam o tempo todo. Naquela época, final dos anos 1970, atrasos eram comuns em aeroportos e eu nunca reclamava pois era minha oportunidade de ficar em alguma área envidraçada vendo os aviões decolarem e pousarem. E tinham muitos Electras da Varig em Congonhas por conta da famosa Ponte Aérea que ligava São Paulo ao Rio de janeiro, de Congonhas para Santos Dumont e vice-versa. Um vôo a cada 30 minuros começcando à s 6:00h da manhã e o último pousava no mãximo à s 23:00h
O Avião:
Após a segunda guerra, a aviação de forma geral, avançou muito. E as cias aéreas que haviam iniciado as suas atividades antes da guerra, começaram a explorar o conhecimento adquirido no desenvolvimento dos aviões de combate e transporte de tropas. Então era usual as cias aéreas encomendarem um tipo de avião cujas características lhe atendessem. a PanAm, American Airlines e TWA procuravam os fabricantes com essa intenção.
Em 1954 a American Airlines apresentou uma proposta de aeronave que gostaria de comprar para seus planos e a Lockheed se interessou e com isso iniciou o desenvolvimento do Electra. No ano seguinte à proposta, a Lockheed mostrou o projeto e a American Airlines encomendou 35 unidades em junho de 1955. Em setembro do mesmo ano a Eastern Airlines encomendou 40 unidades. E, apesar da American airlines ter sido o "Pai" do projeto, quem voou primeiro foi a Eastern mesmo, em outubro de 1958. Uma greve na American impediu que o primeiro vôo comercial fosse feito pela empresa que propôs o projeto.
A Lockheed Lançou o 188A (passageiros), 188C (maior capacidade de carga e alcance), 188F (carga), 188PF (Kombi, passageiros e carga) e a 188CF (versão cargueira do C). De partida haviam mais de 100 aeronaves encomendadas, um verdadeiro sucesso antes mesmo de decolar!
Mas os problemas começcaram 11 dias após entrar em operação quando um modelo da American caiu no East River, em Nova Iorque. A conclusão da investigação foi inexperiência da tripulação com o novo avião. Porém em setembro do ano seguinte, um modelo da Braniff perdeu as asas em pleno vôo. A investigação concluiu que a asa esquerda havia se desprendido da fuselagem em pleno vôo. A imagem do outrora sensacional avião estava comprometida ao ponto do avião ter sido proibido de voar após esse acidente e só voltou a voar com a ordem da FAA que a velocidade máxima não se excedesse dos 418Km/h.
As investigações sobre a possível causa do desprendimento ainda estavam em curso quando outro acidente fatal ocorreu em março de 1960 com o primeiro modelo da Northwest Airlines. A NASA foi chamada para ajudar nas investigações e concluiu-se que as naceles dos motores tinham um problema no projeto que provocava um excesso de vibrações e rompia a estrutura das asas. As mudanças estruturais foram feitas em todos os aviões e, para tentar reverter a péssima imagem, o modelo com todas as correções passou a se chamar Elecrta II. Mas aí já era tarde... Nenhuma cia aérea encomendou mais nenhum avião e, o que era para ser o mais moderno turbohélice da época, teve sua produção encerrada precocemente em 1961.
Electra no Brasil:
Quando as empresas aéreas americanas viram que o modelo tinha um baita problema e os passageiros começaram a se recusar a voar neles, começaram a vender seus aviões rapidamente. A Real havia encomendado alguns modelos e, antes que pudesse recebê-los, foi comprada pela Varig que tentou devolvê-los, juntamente com os Convairs. Não deu certo e teve que ficar com eles. No começo operou em várias rotas, mas depois foi posicionado para realizar os vôos da Varig, que juntamente com a Vasp e Cruzeiro operavam a Ponte Aérea. Suas operações iniciaram nesta rota em outubro de 1962, pouco mais de um mês de sua chegada ao Brasil e encerrou sua história na aviação brasileira no dia 5 de janeiro de 1992 em seu vôo de despedida com convidados da Varig. Os Electras voaram no total pela Varig em mais de 500 mil ciclos (pousos e decolagens), 217 mil km voados, 33 milhões de passageiros transportados e 30 anos de serviços sem nenhum acidente.
O Lito do canal do Youtube Aviões e Músicas foi mecânico da Varig na época dos Electras e já fez vários vídeos sobre o avião e seu livro conta um pouco da história deles na Varig e como alguns tiveram seus últimos dias. O Panda Betting do canal Pandaviation é um aficcionado por esse modelo também e já escreveu livro sobre ele com excelentes fotos de própria autoria. O vídeo onde os dois se encontram para falar do Electra é sensacional https://youtu.be/8e9eaC1UTec
Características Técnicas
Tipo: Monoplano quadrimotor de asa baixa, de construção totalmente metálica, para transporte de passageiros em curtas distâncias.
Grupo motopropulsor: 4 motores turboélice Allison 501-d13A de 3.750 ESHP cada, equipados com hélices quadripás Aeroproducts A6 641FN-606.
Envergadura: 30,18 m
Comprimento: 31,85 m
Altura: 10,00 m
Área alar: 120,80 m²
Peso Vazio: 26.036 kg
Peso Máximo de decolagem: 51.256 kg
Peso Máximo de pouso: 43.387 kg
Carga paga máxima: 12.020 kg
Relação peso/potência: 3,4 kg/ESHP
Carga G máxima: +2,5 e -1
Velocidade máxima: 721 km/h
Velocidade de cruzeiro: 650 km/h
Velocidade de cruzeiro econômico: 600 km/h
Velocidade de estol: 172 km/h
Razão inicial de subida: 10 m/s
Teto de serviço: 8.655 m
Alcance máximo: 4.500 km
Distância de decolagem: 1,438 m (com peso de 51.256 kg)
Distância de pouso: 1.310 m (com peso de 38.783 kg)
Capacidade de passageiros: 65 a 100 pessoas
Fontes: Wikipedia e AviaçãoComercial.net
O Kit:
Esse kit foi fabricado pela Minicraft, uma empresa americana que injeta seus kits na China.
Podem ver que o kit é bem simples, sem muitos detalhamentos
Decais que acompanham o kit são do modelo da fábrica, provavelmente para não ter que pagar nada para as empresas aéreas.
O manual é tão simples quanto o kit
Os decais que usarei foram feitos pelo Christian da CCS Decais
Essa matrícula tem uma história interessante, levou a fama de ser mal assombrado, como o próprio Lito conta neste episódio de seu canal
https://youtu.be/vS5sKdCcOfg
Em breve iniciarei os trabalhos neste ícone da aviação brasileira!
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