Estou montando o novíssimo kit da Airfix, o excelente kit do Buccaneer. Deste muito novo eu babava nas fotos desse avião, que acho um dos mais bonitos criados pelos ingleses.
Confesso que demorei um pouco para abrir esse tópico por pura falta de tempo já que, graças a Deus, não tem faltado trabalho e tenho emendado até os finais de semana. Além disso, por gostar tanto da aeronave, eu me dediquei a preparar um histórico melhor do que os que normalmente faço... gastei um bom tempo transcrevendo uma matéria da saudosa revista Aviões de Guerra, dos anos 80.
Espero que vocês gostem do resultado.
Histórico da aeronave:
O Buccaneer foi desenvolvido originalmente para agir contra o drástico programa de construção naval soviético, particularmente os cruzadores da classe Sverdlov. Devia operar nos porta-aviões da Marinha Britânica (RN) e lançar uma variedade de cargas nucleares ou convencionais em ataques a baixa altitude e alta velocidade.
Para conciliar essas duas especificações, a Blackburn colocou no Buccaneer asas relativamente pequenas, com excelentes características de resposta a baixa altitude. Esse tipo de asa não poderia normalmente estar associado à s particularidades de manejo a baixa velocidade, exigidas pelas operações em porta-aviões, mas o impedimento foi superado pela energização da camada limite em toda a envergadura das asas, dos ailerons e dos flaps pelo ar sangrado do compressor dos motores. O fluxo depois era ejetado através de fendas nos bordos de ataque, o que evitava a separação da camada limite a baixa velocidade e gerava sustentação extra (aproximadamente o dobro da sustentação normal para o pouso com os flaps e ailerons abaixados). Um tipo semelhante de controle da camada limite foi também instalado nos estabilizadores montados na parte superior da deriva.
A característica aerodinâmica mais notável do Buccaneer é a sua fuselagem acinturada, em forma de garrafa de Coca-Cola, projetada para reduzir o arrasto transônico em cruzeiro, segundo o princípio da regra de área.
Os voos prolongados em alta velocidade e em altitudes muito baixas também não eram problema para o Buccaneer: ele é extremamente forte, possuindo um núcleo de estrutura de peças forjadas de aço, incluindo os painéis das asas usinados a partir de blocos maciços.
O Buccaneer entrou em serviço na Aviação Naval em 1961, mas a versão inicial de série, o Buccaneer S.Mk.1, propulsado por dois turbojatos de Havilland Gyron Junior, demonstrou ser pouco possante. A decolagem com todo o combustível era impossível, o que impôs um sério problema de alcance. Uma encomenda para a produção de uma nova variante propulsada por turbofans de maior empuxo Rolls-Royce Spey foi emitido em janeiro de 1962, antes de o Buccaneer entrar em serviço de primeira linha.
Os Buccaneer da RAF:
A RAF só encomendou o Buccaneer em julho de 1968, fazendo-o relutantemente como medida provisória para preencher o vazio deixado pelo cancelamento do BAC TSR2 e do General Dynamics F-111K. Comparado à estas duas últimas aeronaves, o Buccaneer parecia antiquado, pouco sofisticado e lento, além de sofrer a desvantagem adicional de ser, para todos os efeitos, uma aeronave rejeitada pela RN. Na realidade, o Buccaneer era justamente o que a RAF necessitava, sendo mais rápido a baixa altitude com quatro bombas de 455 kg na porta giratória do compartimento de bombas que um F-111 com uma carga semelhante, embora sem o radar de seguimento de terreno da aeronave dos EUA.
A RAF encomendou originalmente 26 aeronaves S.Mk 2, mas foi anunciado simultaneamente que ela receberia também 62 Buccaneer transferidos da RN, cuja força de porta-aviões estava decaindo rapidamente. Outros dezenove Buccaneer foram depois construídos para a RAF, que no fim também recebeu todos os 84 aparelhos S.Mk 2 remanescentes da RN.
A primeira unidade de Buccaneer da RAF foi o Esquadrão 12, formado na base aérea Honington em 1º de outubro de 1969, principalmente para funções de ataque marítimo. Outras duas unidades, os Esquadrões 15 e 16, foram formadas em 1970 e 1973, respectivamente, para funções de ataque ao solo na Base Aérea de Laarbruch, na RFA, como parte da 2ª Força Aérea Tática Aliada da OTAN. As aeronaves da ala de Laarbruch assumiram a função nuclear e o compromisso de QRA dos Esquadrões de English Electric Canberra B (1).Mk 8 da RAF na Alemanha.
A OCU 237, formada em Honington em 1971, recebeu do Esquadrão 736 da Marinha a responsabilidade de conversão, recapitulação e continuação do treinamento de todas as tripulações britânicas de Buccaneer. O segundo esquadrão de Buccaneer da Grã-Bretanha, o 208, foi formado em Honington em 1º de julho de 1974, voando na função de ataque ao solo.
Somente em julho de 1979 foi formado um segundo esquadrão marítimo de Buccaneer, o Esquadrão 216, reequipado com aeronaves recondicionadas da RN após a desativação do Ark Royal. O Buccaneer teve uma carreira bem-sucedida na RAF, sendo os últimos exemplares construídos e entregues em 1977.
Treinamento constante:
A força de Buccaneer atingiu sua extraordinária capacidade de combate mediante treinamento constante em condições tão realistas quanto o possível em tempos de paz. Desde 1977, o treinamento mais realista e exigente tem sido a participação nos exercícios ‘Red Flag’ da USAF. Esse programa foi estabelecido como resultado da experiência de combate da USAF na guerra do Vietnam, quando notou-se que as perdas humanas eram bem menores entre tripulações que haviam completado dez missões ou mais. O conceito básico do ‘Red Flag’ é muito simples: unidades baseadas em Nellis, Nevada, formam a força ‘vermelha’ ou ‘inimiga’, cuja tarefa é defender uma variedade de alvos espalhados em uma área de aproximadamente 38.830km². As unidades visitantes são as forças ‘azuis’, atacando esses alvos com armamento real e de exercício. Formações de tanques, aeroportos falsos, complexos industriais e SAM inimigos são habilmente simulados em terra, simuladas eletronicamente por aeronaves ‘agressoras’ Nothrop F-5E Tiger II e McDonnell Douglas F-15 Eagle.
A RAF foi o primeiro convidado a participar do ‘Red Flag’ no exercício de agosto de 1977; compareceu com uma força mista de Buccaneer e Avro Vulcan, que se saiu muito bem. Os Buccaneer em particular, impressionaram a USAF com seus voos a baixa altitude. Em 1978 os Buccaneer foram acompanhados pelos Jaguares da RAF e ambos os tipos atingiram seus alvos com excelente precisão, evitando as defesas com sucesso e até ‘derrubando’ aeronaves defensoras da ‘Força Vermelha’. Em 1979, os Buccaneer participaram de um exercício parecido no Canadá, o ‘Maple Flag’, onde as condições simulam mais o meio ambiente da Europa Ocidental.
Em fevereiro de 1980, os Buccaneer voltaram ao ‘Red Flag’, mas uma tragédia interrompeu o exercício: uma das aeronaves perdeu uma asa e caiu, matando os dois tripulantes. A causa do acidente foi uma fratura por fadiga na longarina dianteira, o que resultou na imediata retirada da força de Buccaneer, para a realização de uma profunda revisão estrutural nos aviões. Em muitos deles havia fraturas semelhantes e alguns foram levados ao desmanche por ser antieconômica sua recuperação; outros passaram por uma longa e dispendiosa reforma.
Enquanto estavam sem os Buccaneer, os esquadrões receberam Hawker Hunter extras, o que lhes permitiu continuar com um limitado programa de treinamento. Os Buccaneer não afetados foram liberados para reassumir os voos em agosto. Como um elevado número de aparelhos não poderia ser reparado, o Esquadrão 216 foi desativado. Os primeiros esquadrões a reassumir os voos operacionais foram as duas unidades da ala de ataque de Laarbruch, que continuou a operar com o Buccaneer até começar a ser reequipada com os Panavia Tornado em meados de 1983. O Esquadrão 12 foi deslocado para Lossiemounth em 1980, para estar mais perto de sua principal área de interesse, o Mar da Noruega e a falha GIUK. Controlado pelo grupo 18 do Comando de Ataque da RAF em tempo de paz, o Esquadrão 12 deve passar para o comando do SACLANT em tempo de guerra.
Funções marítimas:
A introdução em grande escala do Tornado na função de ataque terrestre permitiu ao Esquadrão 208 reassumir suas funções marítimas, e como tal foi deslocado para Lossiemounth, juntando-se ao Esquadrão 12 em julho de 1983, para onde foi também a OCU 237 em outubro de 1984.
Esta imagem é a referência principal para a pintura externa porque mostra muito bem o sombreamento em alguns painéis.
O Buccaneer deve continuar na função marítima ainda por muitos anos, utilizando mísseis anti-radiação Martel teleguiados, bombas guiadas por laser Paveway e o novo míssil antinavio Sea Eagle da British Aerospace Dynamics, que está começando a entrar em serviço. Em tempos de guerra a OCU e os dois esquadrões poderiam assumir uma função terrestre, se necessário. Isso de fato já ocorreu, em setembro de 1983, quando seis Buccaneer foram deslocados para Akrotiri, Chipre, em apoio aos soldados britânicos que serviam nas forças da OTAN no Líbano.
Os Buccaneer remanescentes da RAF estão passando atualmente por um programa de modernização que deve estender sua vida até fins dos anos 1990. As primeiras das, aproximadamente sessenta aeronaves modificadas chegarão aos esquadrões em meados de 1987, devendo o programa ser completado até o início de 1989. O programa de modernização deveria incluir originalmente um cockpit muito modificado, com um visor frontal e vários aperfeiçoamentos nos aviônicos de missão. Limitações financeiras, porém, reduziram drasticamente a extensão do programa, que agora cobrirá apenas a instalação de um novo sistema de navegação inercial, parecido com o utilizado pelo Jaguar, novos rádios Plessey, um moderno radar Ferranti Blue Parrot, um sistema de detecção passiva Marconi Sky Guardian e dispensadores de chaffs e flares Tracor ALE-39. O programa pode ser mais modesto que o planejado inicialmente mas permitirá aos Buccaneer atuar ainda por muito tempo.
Review do kit:
Preferi citar a referência para o review porque esses caras certamente o fizeram melhor do que eu conseguiria
http://www.hyperscale.com/2020/reviews/ ... ewjm_1.htm
A montagem:
Confesso que acabei me empolgando e acabei adiantando bem o kit...
Comecei pelo de sempre... o "escritório do piloto". Montagem tranquila, sem maiores problemas.Só não foi mais rápida porque eu cismei de pesquisar se a cor indicada no manual do kit estava correta (e estava mesmo!).
Mas mesmo assim consegui adicionar alguns detalhes de cores que o manual não detalha.
De fato o kit é muito bom, mas as marcas de ejeção do molde estão presentes e requereram algum trabalho. Esta peça é o painel do observador
Após o drifit da seção dianteira com o restante da fuselagem, criei coragem para iniciar o fechamento das metades da fuselagem. Na foto abaixo aparece o chumbo colado com cola branca.
E ficou assim:
Animei e resolvi cortar as asas, conforme a orientação do manual. Esse kit vem com a opção do modelo com as asas dobradas ou estendidas.
Pessoal, o kit está mais adiantado do que isso mas vou parar por aqui, por enquanto. Acho que uma postagem extensa demais ficaria meio chata.
abraços e bom feriado
o_guguito
oguguito
CCRider
