Plastic Kits

Próximos Eventos Programados:


A Artilharia da Força Expedicionária Brasileira

Fórum dedicado a materias de cunho histórico que não se encaixem nas outras categorias.

Moderador: Moderadores Multimidia

Avatar do usuário
Azevedo
Membro
Mensagens: 781
Registrado em: 03 Jun 2012, 07:06
Nome: Anderson Azevedo
Localização: Fortaleza, Terrinha arretada de boa !
Agradeceu: 0
Curtiram: 0

A Artilharia da Força Expedicionária Brasileira

Mensagem por Azevedo »

Quando a 2ª guerra mundial começou, o Exército Brasileiro acabara de receber da Alemanha uma primeira remessa de peças de artilharia de 75 mm fabricada pela Krupp, que na sua época era o que havia de mais moderno em matéria de Artilharia de Campanha. O novo sistema biflecha permitia aumentar o seu movimento em direção cerca de 10 vezes mais, o número variável de cargas dava-lhe maior facilidade de manuseio e, o seu carregamento semiautomático aumenta em muito a sua capacidade de tiro. O restante do pedido ficou retido no porto de Lisboa proibido de prosseguir viagem por pressão do governo da Inglaterra.

Com a entrada no Brasil na guerra, recebemos obuses de 105 e 155 tracionados a motor e que já apresentavam sobre o material alemão algumas novidades, sendo mais evidentes a utilização de trajetórias curvas, o aumento do calibre e o fato de serem auto rebocados. Nessa época, a variação da nomenclatura militar já motivava alegres comentários por parte de nossa tropa e, como os Regimentos organizados se chamavam ROAuR(Regimento de Obuses Auto Rebocáveis), foram apelidados de Auauau( os praças diziam: “Pertenço ao 1º ou 2º Auauau).

A Divisão de Infantaria Expedicionária, que se preparava na cidade do Rio de Janeiro comportou logo logo uma Artilharia Divisionária constituída por três grupos de 105 mm e um de 155 mm. Vale ressalvar que o choque entre novas e velhas ideias surgiram, mas rapidamente a doutrina americana predominou.

Com o embarque do 1º escalão da Força Expedicionária Brasileira, seguiu o II/1º ROAuR, sob o comando do competente Coronel da Camino, tendo como oficial de operações o Major Ramiro Gorreta Júnior. Do seu aquartelamento em Campinho, seguiu a pé para a estação ferroviária de Madureira, onde embarcou em direção ao Porto do Rio de Janeiro.

Chegando na cidade de Nápoles(Itália), ficou acampada na cidade de Bagnoli e pouco tempo depois seguiu por rodovia e via férrea para a milenar cidade de Tarquínia, onde recebeu seu material e armamento. Da cidade de Tarquínia, deslocou-se em caminhões para a cidade de Vada, em marcha noturna.

Neste novo acampamento, um grande parreiral em época de colheita, iniciou intensos preparativos para estar em condições de apoiar o 6º RI, que seria em breve lançado à luta. De toda a sua dotação, só não recebeu nesta oportunidade, seus L-4(aviões de ligação e observação).

No dia 13 de Setembro de 1944 deslocou-se par a cidade de Ospedaleto, estando próximo o batismo de fogo. No dia 15 de Setembro entrou em posição na Região de Monte Bastione, em apoio ao 6º RI, e às 14:22 horas do dia 16,lançou o primeiro obus contra o inimigo. Foi um momento de grande emoção para todos, quando o barulho do canhão assinalou a abertura das hostilidades.

O fato das operações iniciais da FEB terem se caracterizado por ser uma autêntica marcha para o combate, a 1ª Bateria realizou um lance no dia 17 de Setembro, a fim de assegurar a continuidade do apoio, ocupando posição na Região de Le Corti. Em seguida o grupo deslocou-se em direção a V. Lippi, C. D’Babano e Torcigliano, e durante o este mês foram utilizdas 3.182 granadas.

Aos primeiros dias do mês de Outubro de 1944, enquanto a 2ª Bateria permaneceu apoiando as ações do 6º RI, a maioria do grupamento seguiu para a Região de Pietrasanta para reforçar a Artilharia que apoiava a 92ª Divisão Americana(conhecida como Cabeça de Búfalo, que era constituída apenas por negros), que em vão, tentava prosseguir no setor costeiro.

Da cidade de Pietrasanta o grupo retornou para apoiar a tropa brasileira, ocupando posição ao Norte de Borgo a Mozzano, na Região de Cardozo. Durante este deslocamento, através de uma picada que era desaconselhada a sua utilização por parte dos oficiais que fizeram o reconhecimento do terreno, que nosso material ficou dois dias atolado na lama.

O chuvoso mês de Outubro terminou com o grupo na cidade de Fornacci di Barga, apoiando a Infantaria Brasileira na conquista da cidade de Lama di Sotto. O contra ataque alemão, visando proteger a posição chave de Castelnuovo di Garfagnana, encerrou o ciclo operacional de Destacamento Brasileiro no Vale do Sercchio. O mês de Outubro consumiu 6.630 tiros.

No dia 5 de Novembro de 1944, o Grupo já se encontrava no novo setor do Reno, ocupando seu PC em um sobrado nas proximidades da ponte de Silla, que foi impiedosamente martela pela artilharia inimiga. Neste sobrado, que apresentava numerosos buracos feitos por granadas, o Posto de Comando sofreu um grande ataque de metralhadora de um avião inglês, levando um motorista americano a falecer.

Desde o dia 1º de Novembro de 1944, o Grupo passou ao controle da Divisão de Infantaria Divisionária, e no dia 15 foi incorporado à AD/1E. Os outros três grupos de Artilharia, chegados com o 2º e 3º escalões da FEB, entraram em ação beneficiando-se da experiência do II/1º ROAuR.

Do relatório do Grupo, mandado confeccionar pelo S3, o Major Ramiro Gorreta Júnior, pode-se extrair os seguintes dados:

“O II/1º ROAuR cumpriu, de 15 de Setembro a 31 de Outubro de 1944, cerca de 1500 missões de tiro, sendo que 847 delas com observação terrestre, 21 com observação aérea, e 683 não observadas.

Estas missões se repartiram em regulações, tropas, inquietações, metralhadoras, morteiros, baterias, propaganda, pontos fortes, postos de comando, postos de observação, veículos, tiros de cegar, áreas de bivaque, pontos de reabastecimento, pontes, tiros de deter, barragem defensiva, barragem fixa, bombardeio fixo, preparação de contra ataques”.

Os artilheiros do V Exército Americano nos advertiram das manhas inimigas, que procurava atingir a retaguarda dos infantes em progressão, para fazer crer que eles estavam sendo atingidos por fogo amigo.

A Artilharia da Força Expedicionária Brasileira, sob o comando do General Osvaldo Cordeiro de Farias, somente começou a atuar como Artilharia Divisionária nas ações do Vale do Rio Reno e da Ofensiva da Primavera, apoiando o bravo infante da defensiva gelada, na demolição das linhas inimigas e na fulminante perseguição ao sul do Rio Pó. Fica claro que os riscos corridos pelos artilheiros foram incomparavelmente menores que os dos infantes das companhias de fuzileiros, mas foi um trabalhoso e duro, igualmente importante para a vitória ante o inimigo.

Enquanto o pé de poeira dormia velado pelos sentinelas, o artilheiro estava a postos, martelando sem cessar os pontos assinalados pelo infante, quase sempre assustado e nervoso nos fox-hole.

“A Artilharia é a Arma da vigília”



É à noite que ela se remunicia, que se desloca, que prepara as posições, que estende seu manto protetor sobre a Rainha da Armas.

No dia 15 de Novembro de 1944, o comandante da Artilharia Divisionária, jubilosamente anunciou a sua entrada em ação:

“Nossa Artilharia, com a maioria dos seus meios, entra hoje em linha. Esta data deve, por todos nós, ficar perfeitamente assinalada, porque representa a objetivação do nosso grande desejo de sermos efetivos combatentes para a feitura de um mundo melhor e mais justo.

O estágio de treinamento na Itália foi dispensado e devemos caracterizar este fato, porque é ele o prêmio do nosso esforço no Brasil de preparação para a guerra.”.

Abaixo, transcrevemos o item relativo à Artilharia numa das ações da FEB – 3º Ataque ao Monte Castelo:

ARTILHARIA

1. Missão

ações em proveito do dispositivo de ataque ao Monte Castelo e do dispositivo de defesa dos subsetores Leste e Oeste.
participação eventual na contrabateria a executar pela Artilharia do IV Corpo.

2. Repartição

apoio direto

Ao I/1º RI – I grupo

Ao III/11º RI – II grupo

Aos Subsetores Leste e Oeste – III grupo

ação de conjunto – IV grupo
reforço – A artilharia do IV Corpo reforçará as ações em proveito do ataque.

3. Fogos

preparação do ataque terá por fim a neutralização das posições alemãs, particularmente as de Monte Castelo e permitir a melhoria de base de partida, com duração de 40 minutos.
apoio imediato entendimento entre os comandantes de grupos e batalhões apoiados e desencadeamento a pedido.
proteção conquista o objetivo intermédio do Grupamento: de H até + 15 sobre Monte Castelo, Della Caselina e Cota 1036.
conquista do objetivo final: de H 1 até H 1 + 15 em La Serra e Cota 1036.
e H ! até H 1 + 30 no Morro de La Torracia e Salciccia
de deter após conquista de 01 após conquista de 02 face aos subsetores Leste e Oeste.


ImagemImagemImagemImagem
Coloclinic
Coloproctologia e cirurgia geral
Dr Anderson Azevedo
Proctologia e cirurgia geral
Avatar do usuário
jhbrs532013
Novato
Mensagens: 14
Registrado em: 01 Jun 2013, 22:02
Nome: Joao Henrique Barone Reis e Silva
Agradeceu: 0
Curtiram: 0

Re: A Artilharia da Força Expedicionária Brasileira

Mensagem por jhbrs532013 »

Prezado Azevedo
Meus cumprimentos pelo texto. Apenas para retificar quanto as fotos, a ultima das quatro mostra a instrução de campo na Itália de uma guarnição de canhão anticarro calibre 57mm operado pela Infantaria da FEB.
Abraço

João Henrique Barone
2o Vicepresidente da ANVFEB
Curador do MMCL para armamentos e veículos
2o Vicepresidente do Grupo Histórico FEB
Abraço,
João Henrique
Responder

Voltar para “Material Histórico”